quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Prédios sem sacadas podem ganhar varanda

Sonho de consumo dos cariocas, desfrutar as delícias de um apartamento com varanda virou um desejo palpável, mesmo para quem mora em um edifício planejado sem sacadas. Ao passar pelas ruas Aníbal de Mendonça, em Ipanema, e Maria Eugênia, no Humaitá, o pedestre logo percebe mudanças radicais em certas fachadas. É que – surpresa! – elas ganharam esse tão almejado espaço. Só na Zona Sul já são doze imóveis assim. Os novos cômodos têm entre 18 e 35 metros quadrados, com custo médio de 4 000 reais por metro quadrado. Ou seja: quem deseja o conforto deve desembolsar, pelo menos, 72 000 reais. Trata-se, porém, de um bom investimento. Depois de terminada a obra, os apartamentos podem se valorizar em até 30%. "Toda semana vem gente aqui interessada em comprar", revela o bancário Reinaldo Ferreira, síndico de um prédio na Rua Visconde de Albuquerque, no Leblon, que ganhou a novidade há dois anos.

À primeira vista, trata-se de uma intervenção complexa – e com boas chances de ilegalidade. Na verdade, as duas impressões são falsas. Inspirada nas escadas externas de alguns edifícios nova-iorquinos, a técnica é relativamente simples. As varandas são erguidas sobre uma estrutura metálica independente, sustentada por dois pilares e embutida na face principal. Também não há nenhuma restrição da prefeitura ao acréscimo. As construções se apoiam em uma resolução da Secretaria Municipal de Urbanismo, assinada em 2005. "Havia muita confusão e desinformação", lembra Hugo Homann, arquiteto responsável pelo projeto pioneiro, na Rua Cupertino Durão, no Leblon. "Houve quem o chamasse de puxadinho", conta, com humor, o engenheiro responsável, Ronoel Souto.

Com experiência no tema, escritórios como o de Hugo Homann e o de seu maior concorrente, o Quality 2000, receberam nos últimos meses mais de 350 consultas de pessoas interessadas. Mas é preciso alguma paciência. Conseguir a unanimidade obrigatória entre os moradores do prédio e a duração da obra em si são etapas bem demoradas. Em média, um processo como esse não termina antes de um ano. "Morar no meio de uma construção não é fácil", alerta o engenheiro Marcelo Arcoverde, da empresa Impervio. "Tudo, porém, fica para trás quando os proprietários entram na varanda pela primeira vez." Aviso aos interessados: as sacadas vêm acompanhadas de um aumento de 20% no IPTU.

Fonte: Veja Rio - Patrick Moraes

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